O caminho de volta

É preciso que sintamos dor por termos perdido o nosso primeiro amor.

Fonte: Guiame, Luciano SubiráAtualizado: quarta-feira, 7 de agosto de 2019 às 19:39
(Foto: Mahalliy)
(Foto: Mahalliy)

O caminho de volta é o caminho da restauração. Foi o próprio Senhor Jesus quem propôs esse caminho:

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal se não te arrependeres.” Apocalipse 2.5

Cristo mencionou, no versículo acima, três passos práticos que devemos dar a fim de voltar ao primeiro amor:

1) Lembrança (lembra-te)

2) Arrependimento (Arrependimento)

3) Recomeço (volta à prática das primeiras obras)

LEMBRANÇA

O primeiro passo é um ato de recordação, de lembrança do tempo anterior à perda do primeiro amor. Não há melhor maneira de retomá-lo do que esta: relembrar os primeiros momentos da nossa fé, da nossa experiência com Deus. O profeta Jeremias declarou:

Quero trazer à memória o que me pode dar esperança (Lm 3.21).

Algumas lembranças têm o poder de produzir em nós um caminho de restauração. Muitas vezes, não nos damos conta do que temos perdido. Uma boa forma de dimensionar as nossas perdas é contrastar o que estamos vivendo hoje com o que já experimentamos anteriormente em Deus. Recordo-me de uma ocasião em que fui visitar os meus pais e entrei no quarto que, quando solteiro, eu compartilhava com os meus irmãos. O simples fato de eu entrar naquele ambiente trouxe à minha memória inúmeras lembranças. Revivi em minha mente os momentos de oração e intimidade com Deus que eu havia passado lá. Recordei, emocionado, as horas que, diariamente, eu passava ali, trancado em oração! Sem que ninguém me falasse nada, percebi que a minha vida de oração já não era como antes. Aquelas lembranças ocasionaram na época uma retomada da minha dedicação à oração, e, até mesmo hoje, ao recordar aqueles momentos da poderosa visitação de Deus que eu vivi naquele quarto, sinto-me motivado a resgatar o que deixei de lado.

Contudo, a lembrança em si daquilo que eu havia provado lá na casa dos meus pais não produziu mudança alguma. Ela simplesmente trouxe um misto de saudade, tristeza e arrependimento, pelo fato de eu ter deixado de lado algo tão importante. E esta é exatamente a segunda atitude que Jesus pediu aos irmãos de Éfeso: Arrepende-te!

ARREPENDIMENTO

Não basta ter saudades de como as coisas eram anteriormente. É preciso que sintamos dor por termos perdido o nosso primeiro amor. Precisamos lamentar, chorar e clamar pelo perdão de Deus.

É imperativo reconhecer que a perda do primeiro amor é mais do que um desânimo ou qualquer outra crise emocional; é um pecado de falta de amor, de desinteresse para com Deus! À semelhança dos profetas do Antigo Testamento, Tiago definiu como devemos nos posicionar em arrependimento diante do Senhor. Deve haver choro, lamento e humilhação.

Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4.8-10)

O fato de nos humilharmos perante o Senhor é o caminho para a exaltação (restauração) diante dele. Se reconhecermos que abandonamos o nosso primeiro amor, teremos que separar rapidamente um tempo para orar e chorar em arrependimento diante do Senhor e para buscarmos uma renovação.

Eu sei que recordar e chorar pelo passado também não é a cura em si, mas é um passo nessa direção! E um estágio de preparação, por assim dizer. Por isso, o conselho proposto pelo Senhor na carta à igreja de Éfeso ainda tem um terceiro passo prático: Volta à prática das primeiras obras! Portanto, não basta apenas reviver as lembranças e chorarmos. Temos de voltar a fazer o que abandonamos!

RECOMEÇO

E necessário um recomeço, ou seja, retornar ao que fazíamos no início da caminhada de fé. Essas primeiras obras a que Cristo se refere não são o primeiro amor em si, mas estão atreladas a ele. Elas são uma forma de expressar e alimentar o nosso primeiro amor. Elas têm a ver com a como buscávamos o Senhor antes e também com a maneira como nós o servíamos.

Jesus não protestou porque os efésios não o amavam mais, e sim por que já não o amavam como anteriormente! Precisamos mais do que o reconhecimento da nossa perda. Precisamos voltar a agir como no início da nossa caminhada com Cristo. É resgatar o nosso amor ao Senhor e dar-lhe nada menos que nosso amor total! Separe um tempo para estar em oração e avaliação da sua vida e relacionamento com Cristo. Reflita e, se necessário, escreva as suas conclusões. E, se houver o menor sinal de deterioração em seu amor para com o Senhor, inicie imediatamente o caminho de volta.

AMOR INCORRUPTÍVEL

Embora haja um caminho de volta para quem perdeu o primeiro amor não precisamos chegar a esse ponto. Podemos ser preventivos e evitar essa perda. Com isso em mente, cito a declaração do apóstolo Paulo no encerramento da sua epístola aos Efésios:

A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com AMOR INCORRUPTÍVEL (Ef 6.24, NVI – grifo do autor).

Encontramos no versículo anteriormente mencionado uma definição do tipo de amor que garante um livre fluir da graça do Senhor em nossa vida. O texto fala de graça aos que amam nosso Senhor; ou seja, não se trata da graça que qualquer um pode usufruir, senão daquela que é ativada por um comportamento específico: o amor incorruptível para com Cristo.

Algumas versões bíblicas empregam um termo diferente na tradução desse texto e usam a expressão amor sincero ou ainda amor perene. A tradução Brasileira (TB), a Nova Versão Internacional (NVI) e a Versão Revisada de Almeida (VR) optaram pelo termo incorruptível.

O Dicionário Vine nos mostra que a palavra grega empregada nesse texto pelo apóstolo Paulo e que se encontra nos manuscritos originais é aphtharsia, que significa “incorrupcão”. Essa palavra é usada em relação corpo da ressurreição (1Co 15.42,50,53,54) e traduz uma condição associada a glória, honra e vida! Às vezes, é traduzida por imortalidade (Rm 2.7; 2Tm 1.10) e também pode dar a ideia de sinceridade, de acordo com essa linha de pensamento. Por outro lado, o léxico de Strong aponta alguns prováveis significados para ela: “1) incorrupção, perpetuidade, eternidade; 2) pureza, sinceridade”.

De qualquer forma, o amor puro e sincero é o que não se corrompe, que traz em si a perpetuidade, que dura para sempre. A afirmação de Paulo aos efésios faz com que reconheçamos que há pelo menos dois diferentes tipos de amor que os crentes podem manifestar ao Senhor ao longo do tempo: o amor incorruptível e o amor corruptível. Portanto, quando falamos de amor ao Senhor, não basta apenas reconhecer que há pessoas que o amam e pessoas que não o amam (1Co 16.22). Se assim fosse, a nossa única tarefa seria a de levar os que não amam o Senhor a amá-lo. No entanto, o nosso desafio é ainda maior!

Até mesmo dentre os que hoje professam amar o Senhor Jesus Cristo, há os que o amam com um amor incorruptível e os que têm permitido que o seu amor por ele se corrompa. Que possamos estar no grupo certo, entre os que amam com amor incorruptível e vivem em tamanha fascinação por Jesus até que nada mais importe!

Texto extraído do livro “Até que Nada Mais Importe”

Luciano P. Subirá é o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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