Menina Trapo – A espera de um outro olhar

De repente alguém a viu para além do frágil figurino de um pano sujo e desgastado; foi vista por olhos crísticos cheios de compaixão.

Fonte: Guiame, Clarice EbertAtualizado: segunda-feira, 31 de julho de 2023 às 17:40
(Foto: Unsplash/Angel Balashev)
(Foto: Unsplash/Angel Balashev)

Uma menina nascida trapo?

Não, que nada, foi nascida gente!

Nascida gente completa, plena de vida, potencial e expressividade.

Nascida gente para ser acolhida, incluída, instruída, amada, vista, amparada e cuidada.

No entanto, a menina nascida gente foi no trato virando trapo. Trapo objeto sem defesa, utilizado e subjugado, sujado, rasgado e largado. Trapo torcido e reutilizado... uma, duas, três, quantas vezes? Perdeu-se a conta.

Os anos passando e a menina em trapo só crescendo. De menina trapo transgrediu em mulher farrapo. Esfregada, torcida, beliscada, agredida seguiu rasgando e sangrando.

Quem dera o socorro tivesse vindo assim, rápido, de um olhar que a visse, não como trapo nem farrapo, mas como gente, e desde menina. Infelizmente demorou, mas felizmente o socorro abrolhou.

Inesperadamente, num certo dia a menina feita trapo e transgredida em mulher farrapo foi arrastada, jogada ao espetáculo e condenada à destruição, pronta para o descarte.

Mas, de repente alguém a viu para além do frágil figurino de um pano sujo e desgastado. Foi vista por olhos crísticos cheios de compaixão.

Aqueles olhos viram e compreenderam que os trapos e farrapos não eram sua essência. Eram apenas uma fardagem suja e desgastada que encruou nela rótulos de gente sem compaixão, desde menina e que foi se imiscuindo à sua identidade e valor como pessoa.

Aquele olhar de compaixão crística transpassou seu vestuário esfarrapado e enxergou sua imago dei gritando por novas vestes.

Após seu encontro com aquele olhar compassivo, as rotulagens de uma caricatura estereotipada, que não se alinhavam à sua essência, já não serviam mais.

Agora, novas vestes se harmonizam com sua alma. Vestes que se equalizam ao seu interior e anunciam que não é mais menina trapo e nem mulher farrapo, mas alguém profundamente amada e acolhida como pessoa que nasceu, não trapo, mas gente com centelha divina. E assim seguiu, com novas vestes, ressignificando sua existência no mundo.

Por Clarice Ebert, Psicóloga (CRP0814038), Terapeuta Familiar, Mestre em Teologia, Professora, Palestrante, Escritora. Sócia do Instituto Phileo de Psicologia, onde atua como profissional da psicologia em atendimentos presenciais e online (individual, de casal e de família). Coordenadora e palestrante, em parceria com seu marido, do Ministério Vida Melhor (um ministério de cursos e palestras). Membro e docente de EIRENE do Brasil.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O grito da alma precisa ser escutado

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