Falsa diferença

Muitas vezes, infelizmente, nós, que somos cristãos, não nos diferenciamos em nada do mundano, da pessoa que não conhece Jesus Cristo.

Fonte: Guiame, Daniel LopezAtualizado: segunda-feira, 16 de julho de 2018 às 15:17
Produção em larga escala. (Foto: GO>Express)
Produção em larga escala. (Foto: GO>Express)

O filósofo Theodor W. Adorno, quando falava sobre indústria cultural, criou um conceito muito interessante chamado de pseudo-individuação. O que significa isso? Ele queria dizer que, na indústria cultural, que funciona como uma indústria de massa, se produz o mesmo produto em larga escala para vender para o maior número de pessoas possível. Chega um momento em que esse mercado fica saturado, e eles precisam criar uma "falsa novidade" e uma "falsa diferença" nos produtos.

Essa ideia de uma falsa diferença nos produtos da indústria cultural, que funciona como uma cultura de massa, ele chamou de pseudo-individuação, ou seja, uma falsa individualidade, uma falsa novidade, uma falsa diferenciação.

Muitas vezes, infelizmente, nós, que somos cristãos, não nos diferenciamos em nada do mundano, da pessoa que não conhece Jesus Cristo. Nós vivemos exatamente essa pseudo-individuação, ou seja, uma diferenciação falsa. Por que? Porque é uma diferenciação apenas pelo fato de frequentar uma igreja e de falar um vocabulário gospel ou um jargão pentecostal. Não adianta falar: "a paz do Senhor", "Deus abençoe", e "tá amarrado". Isso não faz de ninguém cristão: pelo contrário, isso pode fazer de alguém um falso cristão, mas nunca um verdadeiro cristão.

O que faz a diferença entre o verdadeiro cristão e o falso cristão, na opinião de Jesus Cristo, são os frutos. Jesus diz em Mateus 7 que "pelos seus frutos os conhecereis" e as pessoas apresentam dons espirituais: "eu expulsei demônios", "eu curei os enfermos" e Jesus fala: "nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade".

Então, esse é o momento de refletirmos se estamos vivendo uma pseudo-individuação, ou se estamos vivendo o cristianismo verdadeiro. É o momento de descobrirmos se somos diferentes das pessoas que estão lá na rua e nunca ouviram falar de Jesus Cristo. Deixo essa reflexão com vocês. Um grande abraço. Fiquem com Deus.


Por Daniel Lopez - Jornalista (UFRJ), Mestre em Linguística (UERJ), Doutor em Linguística (UFF), Teólogo (UMESP), pastor e escritor. Para saber mais sobre o autor e colunista, acesse: daniellopez.com.br e youtube.com/c/DanielLopez .


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SEVERIANO, M. F. V. Narcisismo e Publicidade: uma análise psicossocial dos ideais do consumo na contemporaneidade. São Paulo: Annablume, 2001.

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