Jesus apareceu na Sapucaí?

Não é a primeira e nem será a última vez que Jesus será o centro da polêmica.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020 às 18:53
(Reprodução/Arte de André Mello)
(Reprodução/Arte de André Mello)

“Aparece lá!”, é o que falamos para colegas, parentes e amigos que gostaríamos que fossem em nossa casa, em nossa festa. Mas “aparece lá!” é muito vago. Sem dia, hora e local marcados e confirmados, será somente uma expressão jogada ao vento.

A Mangueira, no entanto, já vinha anunciando dia, hora, local e o impacto de seu desfile: Jesus vai aparecer na Sapucaí. Não assisti. Aliás, mesmo antes de confessar a fé que vivo, não via carnaval. Sempre achei perda de tempo, uma festa cansativa, repetitiva, chata. Respeito os milhões que gostam, e espero respeito aos milhões que não gostam, ainda que parte da mídia tente fazer acreditar que o brasileiro não vive sem carnaval. Vive. Alegra-se. E é muito feliz sem.

Não é a primeira e nem será a última vez que Jesus será o centro da polêmica. Artistas, políticos, humoristas, enfim, a fila é grande daqueles que já sacaram que Jesus expõe, impõe, incomoda, repercute, viraliza, vira notícia, inflama debates, tira muitos da zona de conforto, produz likes, provoca. Em sua maioria, não querem segui-lo, querem apenas pegar carona no poder que dEle emana para lhes garantir alguns minutos de fama.

Ano passado qual foi a polêmica que atraiu os holofotes? Lembra? Muitos ficaram indignados com a representação levada ao sambódromo paulista pela Gaviões da Fiel, cuja comissão de frente encenava uma disputa entre Jesus e o diabo. Recentemente a polêmica envolvendo Jesus ficou por conta do especial de natal do grupo de humor Porta dos Fundos, no qual apresenta um Jesus que não se encontra nos evangelhos.

A lista de filmes polêmicos também é longa. “O evangelho segundo São Mateus”, de Pasolini, mostra um Cristo mais humano que divino. “Jesus Cristo Superstar”, mostra um Jesus hippie, apaixonado por rock e com interesses sexuais. “A última tentação de Cristo”, de Scorcese, mostra um Jesus tendo que se livrar das tentações carnais. E a lista segue...

E quanto à mídia impressa? Livros, revistas, jornais e periódicos que já tentaram desconstruir o Cristo da Bíblia é de um volume incalculável. E isso desde o primeiro século da nossa era. Tempo esse que é calculado como a.C. e d.C., pois tudo e todos convergem para Ele, o Senhor da história.

Mas afinal, Jesus apareceu ou não na Sapucaí? Os tipos e figuras de Jesus que causam polêmicas e levantam discussões, sim, apareceram lá. Portanto, mais uma vez, expressões livres a respeito de Cristo, colocaram a Mangueira no centro do palco. Pelo que li, várias possibilidades da figura de Jesus foram pra avenida, como dizem, representações populares.

Argumentações teológicas não faltam, já li várias. Ele é onipresente, portanto, está em todos os lugares. Ele ama a todos, os pobres, os negros, as mulheres, os LGBTs, todos. Ele nos faz livres e ama a cada um como cada um é. As religiões não têm o monopólio da fé. Ele estava sendo assassinado no Holocausto, por que não estaria na avenida?

Ou seja, o que se vê é um grande contorcionismo ideológico, filosófico e hermenêutico, juntando partes da Bíblia e outras fontes conforme a conveniência, a fim de legitimar e validar o que interessa para cada causa e interpretação.

A cruz de Jesus, no entanto, não foi um evento para negros, LGBTs, mulheres, homens, brancos, ricos, pobres, latinos, asiáticos, europeus, africanos... Nada disso! O calvário foi um evento para livrar da morte eterna e dar a vida eterna a todo aquele que viesse a crer no unigênito do Pai, o Filho que foi dado em sacrifício por todos. O sacrifício da cruz não foi para minorias, maiorias, partidos, guetos, castas, elites, poderosos, indigentes, não! O Cristo da cruz é indomável, não é domesticável e nem manipulável, Sua graça salvadora é para todos!

Esse Jesus, de João 3:16, não apareceu lá. Como infelizmente não tem aparecido em certas igrejas, que lamentavelmente escolheram pregar e adorar um Jesus fraquinho, frágil, coitadinho, apaixonadinho e que só faz o que os filhinhos querem. Esse também não está na Bíblia. Esse tipo de Jesus é depressivo, vive refém de suas emoções desequilibradas, é abatido por tiros, ofensas e preconceitos. Mas não foi nada disso que fez morrer o Cristo da Bíblia. O Jesus de João 3:16 foi morto única e exclusivamente por causa dos nossos pecados, somente o sangue dEle pagaria a conta impagável que cada um de nós carrega enquanto não O recebe como seu Senhor e Salvador.

O Jesus que já apareceu uma vez e irá aparecer novamente, está bem explicado em Hebreus 9:28, “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar o pecado de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação.” A cristandade ao redor do mundo aguarda ansiosa este dia, embora muitos zombem da nossa esperança e, entre esses muitos zombadores, muitos estavam ali na Sapucaí, acreditando naquelas representações de Cristo, enquanto com suas atitudes, escolhas, vocabulário e comportamentos que são marcas no carnaval, negavam o Jesus dos evangelhos.

Por último, fui pesquisar e dentre alguns significados da palavra Sapucaí, um deles me chamou a atenção. O dicionarioinformal.com.br dá a seguinte explicação: “Sapu vem do grego: armadilha. Caí vem do tupi-guarani e transformou-se no verbo cair. Portanto Sapucaí significa cair numa armadilha.” Cai nessa não. Se disserem pra você que Cristo está ali, acolá, lá, na avenida, não acredite. Porque quando for de fato Ele, todo olho O verá! Polêmicas, oportunismos e provocações passarão, Jesus jamais passará. Maranata!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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