Perigo: futebol

O ser humano tem assumido suas éticas invertidas em todas as áreas, inclusive no entretenimento.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019 às 15:40
(Foto: Reprodução/internet)
(Foto: Reprodução/internet)

No último domingo, 17/02/19, aconteceu no Maracanã a final da taça Guanabara entre Vasco e Fluminense. Noutros tempos, uma final nos remetia imediatamente a festa, churrasco, amigos e famílias reunidas pra torcer, estádio cheio com torcidas vibrantes e pensando só no futebol. Mas isso foi “noutros tempos”...

O que se viu no Rio de Janeiro foi mais uma tragédia. A outra aconteceu semana passada no Ninho do Urubu, mas tudo indica que a capacidade do corrompido coração humano para o mal não encontra limites. Num jogo irresponsável de bastidores, dirigentes e empresários, com foco apenas na grana, na vingança contratual, na conquista pessoal, enfim, com foco apenas “nas vantagens possíveis”, simplesmente não consideraram os riscos para os torcedores de Vasco e Fluminense.

Não é justo, porém, criticar apenas o futebol carioca. O esporte mais popular do Brasil, tido justamente como paixão nacional, vem se deteriorando faz alguns anos. Desde que Mamom entrou em cena e passou a comandar, o tal “amor e fidelidade” por um clube foi parar nas UTIs do caráter individual de cada atleta, de cada empresário.

Vendas e compras milionárias não cessam. Jogadores que eu e você não pagaríamos nem cem mil reais, conseguem ser negociados por milhões... de euros! É no mínimo estranho, pra não dizer suspeito. Quem está ganhando com isso? Quem está levando? Veja o caso da seleção, a paixão do brasileiro por ela vem se esfriando a cada copa, afinal, perdemos a identidade dos jogadores, simplesmente a seleção virou uma vitrine e um balcão de negócios. De novo, quem ganha? Quem perde? Quem lucra com isso?

O torcedor, fanático, apaixonado, sonhador, continua indo a estádios, levando filho e família, pagando caro por uma camiseta oficial. Enquanto jogadores, empresários e mídia perseguem o dim-dim, os cada vez mais “pobres” torcedores seguem times que efetivamente não estão nem aí com eles, uma vez que são tratados apenas como números, consumidores, gado.

Mas não era só futebol? Aquele esporte simples, apaixonante que jogávamos na rua quando criança? Não era só pra ser a magia do drible? A beleza de um gol? A graça de zoar e ser zoado? Era. Não é mais. Agora torcedores insanamente se ofendem por conta de quem conseguiu o patrocínio maior, coisas que nem deveriam entrar no campo das saudáveis discussões e zoeiras. Hoje torcedores se agridem, se atacam verbalmente nas redes sociais, não suportam ver alguém na rua com a camiseta do time adversário, se batem, se machucam, se matam.

O que aconteceu? Tenho um palpite. O retrato da vida também se revela no futebol. O ser humano tem assumido suas éticas invertidas em todas as áreas, inclusive no entretenimento. Perca seu tempo, isso mesmo, “perca”, e arrisque assistir qualquer dia que der, um pouquinho do que produz a TV brasileira, você vai assistir um desfile diário exaltando filosofias que visam apenas desconstruir todos os valores judaico-cristãos nas novelas, nos humorísticos, nos telejornais, nos programas de variedades, todas as pautas são bem claras e definidas quanto a desqualificar os pilares que construíram nossa sociedade.

A vida está perdendo o seu valor. O hedonismo ganha força a cada dia. A Insensibilidade domina homens e mulheres. A banalização do corpo como objeto de satisfação sexual se multiplica. O ego e a luxúria dos políticos só aumenta o descaso com o suor do povo que os sustenta. As leis são interpretadas e adaptadas a fim de legalizar descaradas injustiças. Num cenário assim, o que poderíamos esperar do futebol? Alegria? Esquece, como já escreveu o poeta, “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Enfim, futebol faz tempo que deixou de ser apenas emoção, como quase tudo que estamos assistindo neste tempos sombrios, é também um perigo, real, próximo e de fato ameaçador.

Não sou um puritano. Tenho um time que torço. Mas não me iludo e nem dou audiência pra malandragem que segue dominando praticamente tudo. Faz tempo que a minha torcida é para um único craque, aquele que conhece os campos deste mundo, aquele que não decepciona nenhum de seus seguidores, aquele que não se vende, aquele que na maior final que este mundo vai assistir, não levará sozinho um troféu ou medalha para si, mas dará a cada um de seus seguidores uma coroa de vitória, um prêmio eterno para quem suportou as partidas deste campeonato chamado vida, para quem correu a corrida sustentado unicamente pela Graça, será um novo tempo, sem perigo, para todos que torcem por Ele, vivem para Ele e caminham nEle.

 

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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