Criticar Deltan Dallagnol por dizer que ora e jejua é preconceito religioso

É um absurdo que uma autoridade não possa expressar sua posição sobre jejum e oração.

Fonte: Guiame, Joel EngelAtualizado: sexta-feira, 13 de abril de 2018 às 19:45
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. (Foto: Theo Marques/Folhapress)
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. (Foto: Theo Marques/Folhapress)

Criticar alguém por orar e jejuar é o mesmo que – por mais estúpida que a comparação pareça – criticá-lo por respirar. Isso mesmo! Orar e jejuar é essencial para a vida espiritual e tão importante quanto o próprio fôlego. Ouso dizer que o jejum e a oração estão para o espírito como a alimentação está para o corpo.

Dito isso, é um absurdo que uma autoridade não possa expressar sua posição sobre jejum e oração. O fato de alguém que se declare cristão decidir orar e jejuar, seja por qual for à causa, não pode ser visto como um fator depreciativo, mas deve ser visto como algo louvável e admirável para a sociedade.

Digo isso para rechaçar as críticas feitas ao procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, por ter declarado que ora e jejua pelo país e pelo fim da corrupção e da impunidade. Criticá-lo por isso, é um desrespeito à liberdade religiosa.

A Constituição Federal, em seu artigo 5º inciso VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença. Portanto, Dallagnol tem todo o direito de declarar que se utiliza da sua fé, seja por liberdade de consciência ou mesmo pelo exercício de sua crença, conforme garantia da Constituição.

Rechaçar essa verdade é uma grave violação das liberdades individuais e uma ameaça ao estado democrático de direto, que oferece as garantias necessárias para que qualquer indivíduo possa manifestar sua crença e resguardar sua consciência. Deltan Dallagnol pode se declarar “seguidor de Jesus Cristo”, como diz em seu Twitter, pois está amparado pela Constituição.

É de resto um fato importante que, sempre através de campanhas difamatórias, aqueles que estão sendo punidos procurem uma maneira de denegrir e desautorizar os representantes da lei, o que me parece o caso dos críticos de Deltan Dallagnol, que buscam atacar sua crença como forma de denegrir sua imagem.

Não é, no entanto, ao procurador Dallagnol que se está atacando com essas críticas, mas a maioria cristã deste país. Mas, e isso é importante que se diga, bom seria se todas as autoridades se dedicassem ao jejum e a oração, pois certamente estaríamos em situação melhor do que a que estamos atualmente.

O simples fato de que a crítica destinada ao procurador mencione sua crença, já nos dá razão para afirmar que se trata de uma perseguição religiosa. Ou, devemos ignorar as ironias de alguns figurões contra a crença daqueles que hoje estão sendo responsáveis por desarticular parte da estrutura de corrupção no país?

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, usou de ironia em um discurso num evento promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em março de 2017, afirmando que Dallagnol “acha que sentar em cima da Bíblia dele dá a solução de tudo”.

Agora, após um ano, Dallagnol volta a ter sua fé atacada por estar fazendo “jejum e oração” em uma campanha promovida pela Igreja Batista do Bacacheri, da qual ele é membro em Curitiba, durante julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (SFT).

A acusação é de que o procurador estaria ferindo a laicidade do Estado, mas bem sabemos que essa é uma desculpa comum usada por aqueles que desejam que o Brasil se torne um país ateu. Desejam excluir Deus de todas as decisões importantes e por isso utilizam a desculpa de que o Estado é laico.

Existem ainda, aqueles que, por desconhecer a Palavra de Deus ou por buscar distorcer a verdade, criticaram o fato de Dallagnol estar “anunciando” seu jejum e oração, pois isso seria “atitude de fariseu” e contrária ao que orienta a Bíblia.

Muitas destas críticas tinham como base a orientação de Jesus Cristo em Mateus 6.16-18, em que o Senhor orienta para que não venhamos a agir com hipocrisia ao jejuar, buscando nos promover através deste ato, para que as pessoas vejam como somos religiosos.

Portanto, o fato do procurador dizer que vai orar e jejuar para que a justiça seja feita no Brasil, não fere nenhum princípio bíblico. Afinal, quando ensina sobre jejum e oração, Jesus Cristo está falando sobre hipocrisia e não sobre o cristão não poder revelar a ninguém que vai orar ou jejuar.

Não existe nenhum versículo na Bíblia que proíba o cristão de revelar que estará jejuando e orando por algo, mas sim que o crente não deve fazer isso com a finalidade de ser visto pelos homens, mas isso não proíbe de que possamos convocar nossos irmãos para um ato de oração e jejum.

Concluo lembrando as palavras de Jesus Cristo quando se referia a uma espécie de demônios: “essa só sai pela oração e pelo jejum” (Marcos 9.29). Isso demonstra claramente que existe a necessidade de que venhamos a orar e jejuar por determinados assuntos.

Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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