A fé em Deus como prevenção ao suicídio

Os resultados da fé na prevenção ao suicídio podem ser comprovados cientificamente.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: quinta-feira, 23 de agosto de 2018 às 12:34
O jornal da Associação Médica Americana de Psiquiatria destacou a importância da fé em Deus para a prevenção ao suicídio. (Foto: MuyHistoria)
O jornal da Associação Médica Americana de Psiquiatria destacou a importância da fé em Deus para a prevenção ao suicídio. (Foto: MuyHistoria)

No próximo mês iniciamos o “setembro amarelo”, um mês inteiro dedicado a conscientização e prevenção ao suicídio. Mas o tema é tão importante em nossos dias que não precisamos esperar algumas ocasiões especiais para falar sobre ele. Por isso hoje eu quero trazer uma reflexão que visa mostrar como a fé em Deus, sem dúvida alguma, é uma fator de proteção indispensável no combate ao pensamento suicida, e isso não apenas do ponto de vista religioso, mas também científico.

Diferente de qualquer outra espécie que existe na natureza, o ser humano é guiado por motivações complexas. Os animais em geral possuem instintos, mas nós desenvolvemos desejos, baseados em valores, princípios, organizados por ideias que definem o nosso estilo de vida. Isso vai muito além do comportamento guiado por instintos, porque diz respeito a uma capacidade exclusiva do ser humano, que é a capacidade de projetar sua vida, elaborar sonhos, a ética e a moral, qualidades que na teologia cristã entendemos como sendo atributos doados por Deus para nós, para que sejamos a sua imagem e semelhança.

Isso tudo significa que a vida humana é repleta de sentido. Para uns, esses sentidos são construídos com base na fé. Na certeza de que fomos criador por Deus e que por isso há um propósito espiritual maior por trás de todos os acontecimentos. Para outros, esse sentido está na responsabilidade de ser alguém melhor a cada dia, ajudando o próximo, fazendo o que entendemos ser o certo e melhorando a civilização através de outros conhecimentos, como através do trabalho. Portanto, independentemente de qual sentido guia a vida humana, ele sempre deve estar presente, e a fé nesse caso é sem sombra de dúvidas o maior e mais importante de todos eles.

A fé como prevenção ao suicídio

O jornal da Associação Médica Americana de Psiquiatria publicou no início desse mês um estudo que destaca a importância da fé como fator de proteção contra o suicídio. Os pesquisadores Svob Connie, Wickramaratne J. Priya, Reich Linda e outros quiseram responder a seguinte pergunta: “A religiosidade dos pais está associada a um menor risco de ideação/tentativas suicidas em seus filhos?”. A resposta final foi sim! Eles concluíram que os filhos de pais que se importam com a religião e, portanto, com a fé em Deus, possuem 80% menos risco de pensar em suicídio ou cometer o ato, quando comparados aos filhos de pais que não se importam com religião alguma.

Para chegar nesse resultado eles analisaram três gerações diferentes, sendo 214 filhos de 112 famílias nucleares, estudados pelo Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York e na Universidade de Columbia, Estados Unidos. Tenho certeza que para muitos esses resultados não surpreendem, porque sabem que é a mais pura verdade, por experiência própria, de que a fé em Deus é um fator de proteção não apenas espiritual, de fato, mas também emocional e psicológico. Mesmo assim, a importância do estudo está em poder confirmar cientificamente o que a religião já sabe e ensina há centenas de anos.

A psicologia moderna fundamenta a noção de que o ser humano depende de um sentido para sua vida, mas não qualquer sentido. Viver para ir a uma balada no final de semana, ter relacionamentos sexuais irresponsáveis e se drogar, por exemplo, não é um sentido de vida. Nada que alimenta sua própria destruição pode ser considerado um sentido de vida. Esse tipo de comportamento apenas demonstra que pessoas que vivem assim estão carentes de sentido. Há também os que possuem uma vida relativamente comum, com trabalho, estudos, afazeres diários, um relacionamento amoroso, mas não se sentem realizados na vida. Até mesmo na igreja, há pessoas que frequentam templos, mas não possuem um relacionamento pessoal com Deus. Não “se encontram” e por isso sentem o que o psicólogo austríaco Viktor Emil Frankl chama de “vazio existencial”.

Frankl é o criador da Logoterapia, abordagem da psicologia também conhecida como “psicoterapia do sentido”, ou do “espírito”. Para o autor judeu, a fé em Deus foi a principal força capaz de lhe fazer suportar os dias em que esteve preso nos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau, durante a segunda guerra mundial. Frankl não observou isso apenas em si mesmo, mas também em dezenas de outros presos, concluindo em sua obra que “além do elemento instintivo, havia o elemento espiritual inconsciente”.

Qual é o sentido que você está oferecendo para seus filhos?

Finalmente, quero me voltar para os pais e alertá-los sobre o quanto isso é importante. Vivemos em dias em que a sociedade moderna está desconstruindo as boas tradições. Quando digo que sou conservadora é porque tenho convicção da importância das tradições sobre a formação da sociedade e, principalmente, sobre a educação das crianças.

O excesso de relativismo moral é o inverso de uma vida com sentido, porque ele destrói as referências que uma criança, adolescente e o jovem precisam ter para terem um desenvolvimento emocional estável. A falta disso é a instabilidade que vemos atualmente, por exemplo, no aumento da ansiedade, depressão e consequentemente no aumento do suicídio entre os jovens. A família e a educação dos pais estão diretamente envolvidas nesse processo.

A Bíblia relata que Jó intercedia constantemente por seus 10 filhos, oferecendo sacrifícios a Deus para a purificação deles regularmente. Como um homem temente ao Senhor, Jó sabia que precisava servir de exemplo para seus filhos. Isso é dar aos filhos um sentido de vida, e o maior de todos, que foi a fé em Deus. Mas, será que temos feito o mesmo por nossos filhos ou será que temos abandonado eles aos deuses da TV, da internet e desse mundo? Quantas vezes nos reunimos em casa para testemunhar o que Deus tem feito em nossas vidas, como família, em oração, em cultos domésticos? Esse é o momento de refletir e tomar atitudes coerentes com o que desejamos para o futuro dos nossos filhos. Não podemos controlar tudo, mas certamente podemos fazer a nossa parte.

Por Marisa Lobo - Psicóloga, especialista em Direitos Humanos e autora de livros, como "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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