Filadélfia: a igreja da porta aberta

Só existe uma Igreja, o que torna sem sentido, qualquer esforço de construir uma nova Igreja.

Fonte: Guiame, Ubirajara CrespoAtualizado: quinta-feira, 27 de junho de 2019 às 13:49
Ruínas da igreja de Filadélfia em Alasehir, na Turquia. (Foto: Romania Missions)
Ruínas da igreja de Filadélfia em Alasehir, na Turquia. (Foto: Romania Missions)

Filadélfia é uma Igreja com uma missão, e como tal, serve de modelo a ser imitado por toda a cristandade. Deveria existir uma Igreja assim, neste momento da história. Infelizmente, o que vemos hoje, é uma Igreja, que não sabe para onde está indo. Não existe uma direção única, pois cada grupo religioso, que se diz cristão, considera que tem uma direção particular para a sua existência.

Talvez fosse mais conveniente inaugurar uma linha de ônibus, cujo destino fosse a unidade. Um corpo fragmentado não sabe para onde está indo. O Corpo, que é único, parece se fragmentar rapidamente, pois líderes personalistas não admitem compartilhar o seu trono com ninguém. Como Diótrefes, não caminham nesta direção e consideram os possíveis candidatos ao trono como inimigos. Só existe uma Igreja, o que torna sem sentido, qualquer esforço de construir uma nova Igreja. Não falo de ligações institucionais, mas orgânicas. 

Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja (3 João 9,10).

A comunidade cristã deve saber o que está fazendo aqui na terra, e entender qual é a sua mensagem peculiar a transmitir. Esta Igreja era bem consciente disto e recebeu de Jesus, apenas elogios. Esta carta se distingue pela ausência de acusações. Mesmo cercada pelas abominações de Sardes (carta anterior) e da mornidão de Laodicéia (carta após esta), manteve-se viva e eficaz.

A preocupação aqui é mais com o que se é, do que com o que se faz. Esta Igreja não se destaca por suas realizações prodigiosas, embora tenham acontecido, mas sim pela fidelidade a uma missão que o próprio Senhor lhe deu.

Por ser fiel no pouco, Filadélfia recebeu grande responsabilidade (v.8). Pode ser pouco aos olhos humanos, mas muito para quem tem discernimento espiritual. “Quando sou fraco, então é que sou forte” (2Co.12.1-10). 

A recompensa da fidelidade não é a indolência ou a nulidade, mas autoridade e serviço. Na medida em que somos fiéis, Deus vai dando-nos mais revelação e junto com a revelação, vem mais autoridade e serviço.

O Senhor continua abrindo novas portas para a Igreja de Filadélfia (v.7). As portas que Ele fecha, ninguém abre - As portas que Ele abre, ninguém fecha. Uma comunidade cristã deve progredir e não se petrificar espiritualmente. Há uma porta aberta diante de nós, é preciso entrar por ela.

O nome da Igreja (Φιλαδέλφεια) significa amigo e irmão, ou amor fraternal. Uma Igreja verdadeira se une em torno de assuntos importantes e não em torno de dogmas irrelevantes. Mede-se a espiritualidade de uma Igreja pelos assuntos que ela discute. Temos uma missão mais séria do que ficar medindo o comprimento das saias e decidir o uso do batom. Uma Igreja liberta de questões tolas vê as portas se abrirem diante dela (2Tm.2.23,24).

A história da Igreja mostra grandes a ocorrência de vários avivamentos missionários. Os Morávios por exemplo. Liderados pelo Conde Zinzendorf, enviaram mais missionários em apenas 20 anos do que toda a Igreja fez em 200 anos. Havia um missionário para cada trinta membros. 

Willian Carey abriu as portas da China para um batalhão missionário. O exército da Salvação se espalhou pelo mundo e muitos outros batalhões missionários fundaram Igrejas ao redor do mundo. Estes batalhões de Deus chegaram até nossa pátria e muito do que temos hoje, devemos a eles. Filadélfia representa um momento da Igreja de grande fervor missionário

Reconhecimento e promessa (v.11) 

Há uma coroa reservada para quem se envolve na obra de evangelização. Assim como há uma coroa reservada para quem é fiel até a morte. Esta Igreja recebeu reconhecimento até de cristãos apóstatas (v.9). “Eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés, e reconhecer que eu te amei”. Os que se dizem judeus e não são, saberão o quanto Deus ama este tipo de Igreja e da posição de autoridade a ela conferida.       

Esta Igreja será guardada da tribulação. “Eu te guardarei da hora da provação que há de vir” (v.10). Não diz que será guardada durante a tribulação, mas dá a entender que não passará por ela. Há uma possível menção ao período da tribulação, o que reforça a posição pré-tribulacionista.

Há promessas para o vencedor (v.12). “Ele será coluna”. A coluna é uma base para sustentação do templo e o vencedor é transformado em base para a sustentação da Verdade. Muitos fazem uma profissão verbal de fé, mas poucos se transformam em colunas. Até hoje a cristandade olha para esta igreja e suspira desejando que aqueles bons ventos voltem a soprar. A cidade de Filadélfia está de pé até hoje, um monumento vívido à sua fidelidade.

O vencedor ganhará uma cidade no céu. É a Nova Jerusalém (12). Nosso maior incentivo não é o que podemos ganhar na terra. Estamos andando em terreno inimigo, conquistadores de novas terras para o Reino e não para nós mesmos.

Estamos a serviço do Rei e não podemos lutar em causa própria. “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, pois o seu objetivo é agradar aquele que o arregimentou (2Tm.2.4)”. A Igreja foi implantada neste planeta para lutar as causas de Deus e não as causas de quem quer que seja.

Por Ubirajara Crespo, pastor, conferencista, editor, autor das notas de rodapé da Bíblia do Guerreiro e dos livros “Qual o limite para o sofrimento” e “Rota de colisão”.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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