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Israel

Cresce o número de evangélicos que buscam o ensino da Bíblia com judeus

Cada vez mais evangélicos estão procurando o ensino autêntico da Torá com rabinos em Israel.

Fonte: Guiame, com informações do HaaretzAtualizado: sexta-feira, 21 de dezembro de 2018 às 14:15
Há um crescente número de iniciativas com o público cristão em Israel. (Foto: Reprodução)
Há um crescente número de iniciativas com o público cristão em Israel. (Foto: Reprodução)

Cada vez mais cristãos estão se interessando em receber ensino bíblico de professores judeus, inclusive rabinos ortodoxos. A evidência de que esta demanda está aumentando pode ser vista no crescente número de iniciativas com este público em Israel.

“Se tornou um fenômeno”, disse Rivkah Lambert Adler, uma educadora judia ortodoxa ao jornal israelense Haaretz. “O que estamos vendo é uma profunda fome e sede entre os cristãos pelo ensino autêntico da Torá”.

O fenômeno acontece principalmente entre os evangélicos, que tendem a encarar a Bíblia de maneira literal e enxergam os acontecimentos em Israel nos dias atuais como o cumprimento de profecias bíblicas.

“Muitos desses cristãos vêem o povo judeu como líder nos estudos bíblicos e como indivíduos capazes de abrir as portas para uma compreensão melhor das raízes hebraicas de sua própria fé”, afirmou Lambert Adler, que publicou um livro sobre o tema chamado “Dez das Nações: O despertar da Torá entre os não-judeus” (em tradução livre).

O título é baseado em um versículo bíblico inspira essa nova tendência: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Naqueles dias, dez homens de todas as línguas e nações agarrarão firmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: ‘Nós vamos com você porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo’”. (Zacarias‬ ‭8:23‬)

O “Root Source”, um dos primeiros empreendimentos do gênero, foi lançado em abril de 2014 pelo judeu ortodoxo Gidon Ariel com o filantropo cristão Bob O'Dell. Por até US$ 27 por mês, os assinantes podem acessar palestras pré-gravadas sobre tópicos que incluem o hebraico bíblico, mulheres na Bíblia, a oração judaica, o Templo Sagrado, Deus, Moisés e o Livro dos Provérbios.

A “Torah School for the Nations” (“Escola da Torá para as Nações”), fundada por Lambert Adler no início deste ano, se concentra mais no aprendizado face a face. Seu projeto oferece aos evangélicos que visitam Israel durante as três festas bíblicas — Páscoa, Shavuot e Sucot — a oportunidade de participar de um dia inteiro de estudo da Torá. O preço é de US$ 75 por participante por dia, incluindo um almoço kosher.


Rivkah Lambert Adler, fundadora da Torah School for the Nations. (Foto: Reprodução/Haaretz)

Ensino para milhares

A “Yeshiva for the Nations” (“Yeshivá Para as Nações”), lançada há cerca de um ano, se intitula “uma academia online que oferece aulas da Torá autênticas destinadas a não-judeus”. Como a Root Source, é uma parceria judaico-cristã entre o rabino Tuly Weisz e a evangélica Donna Jollay.

Desde que experimentou um “despertar espiritual” há cerca de 20 anos, no qual teve uma experiência sobrenatural com Jesus, Jollay se tornou uma cristã devota. “Deus tinha um plano para mim, e o mesmo vale para Israel e o povo judeu”, disse ela.

A lista de cursos online oferecidos pela Yeshiva for the Nations inclui estudos sobre o fim dos tempos, o judaísmo introdutório para não-judeus e as sete cidades sagradas de Israel.

Lambert Adler observa que centenas ou até mesmo milhares de programas de estudos judaicos existem em Israel. O problema é que a inscrição é restrita. “Se você não é judeu, a maioria desses lugares é proibida para você”, lamenta. Hoje, Adler calcula que “alguns milhares de cristãos” participaram das aulas oferecidas por esta nova safra de yeshivás (instituições de ensino judaico) aberta a eles.

Questionada se os judeus ortodoxos relutam em compartilhar seus conhecimentos religiosos com os cristãos, Lambert Adler respondeu: “Isso seria um eufemismo. O povo judeu, em geral, é muito defensivo em relação aos cristãos. Nós (judeus) tendemos a não confiar neles (cristãos), nós tendemos a achar que eles têm uma agenda missionária 100% do tempo, e nós tendemos a querer que eles simplesmente nos deixem em paz”.

Estudo bíblico no Knesset

O precursor de todas essas iniciativas foi o Centro de Entendimento e Cooperação Judaico-Cristã (CJCUC, na sigla em inglês), a primeira instituição judaica-ortodoxa a oferecer aulas bíblicas ensinadas por judeus aos cristãos. O CJCUC foi criado em janeiro de 2008 pelo rabino Shlomo Riskin, um proeminente rabino ortodoxo moderno, no assentamento de Efrat na Cisjordânia.

Ao contrário de algumas das iniciativas mais recentes, o projeto alcança os cristãos de todas as denominações — não apenas os evangélicos. As aulas bíblicas também encontraram espaço dentro do Knesset, o Parlamento israelense. Entre os participantes de uma aula em maio, estava congressista americana Michele Bachmann, ex-candidata à presidência dos Estados Unidos.

Na maioria dos casos, o desejo de estudar com professores judeus é despertado em um estágio avançado da maturidade espiritual e teológica desses cristãos, observa Lambert Adler. “Quando começam a ter o ‘coração de Israel’, percebem que Jesus era judeu. E para que eles entendam o cristianismo, eles precisam entender as raízes hebraicas do cristianismo. Em outras palavras, o estilo de vida que Jesus viveu — e que é muito semelhante ao modo como os judeus religiosos vivem hoje, especialmente em Israel”, explica.

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