Cristãos sofrem punições e violência por deixarem religiões animistas, na Índia

Extremistas hindus adeptos de Sarna ensinam que os cristãos, que são apenas 4,3% da população em Jharkhand, corrompem sua cultura.

Fonte: Guiame, com informações do Morning Star NewsAtualizado: quinta-feira, 18 de abril de 2019 às 15:24
Os aldeões entregam a Bíblia à polícia em Lalpur como evidência contra os cristãos de Jharkhand, na Índia. (Foto: Reprodução/Star Morning News)
Os aldeões entregam a Bíblia à polícia em Lalpur como evidência contra os cristãos de Jharkhand, na Índia. (Foto: Reprodução/Star Morning News)

O estado de Jharkhand, na Índia, tem sido palco de violência contra pessoas que abandonam a religião animista local, a Sarna, para se converter ao cristianismo.

Uma antiga prática extremista hindu está se intensificando com a chegada das eleições em 19 de maio. O grupo alega que o cristianismo é anti-indiano.

Relatos mostram que além das retóricas, a violência tem sido frequente e cada vez mais extrema contra os cristãos, partindo inclusive de familiares.

Angustiado com os parentes tribais Adivasi deixando a religião animista de Sarna para se tornarem cristãos, Sanpitha Majhi, de 60 anos, atacou uma mulher cristã de 28 anos que ele acreditava ter “convertido” sua filha e genro em Jharkhand.

“Bale Murmu estava lavando utensílios em uma área externa de sua casa no dia 1º de abril e não notou Majhi, que é seu vizinho, vindo em sua direção”, disse o pastor Girish Chander Marandi ao Morning Star News.

Ele contou que Majhi com toda a força pressionou os seios da mulher e a empurrou para o chão, disse o pastor Marandi. “Enquanto ele a chutava em seu estômago, sua esposa, Gouri Majhi, trouxe um bastão de madeira, e o casal bateu na mulher”.

Quando seu marido, Jaata Murmu, ouviu seus gritos e veio para resgatá-la, ele também foi espancado, disse o pastor.

“Bale Murmu sofreu contusões em todo o corpo, seu estômago e seios estavam inchados”, contou o pastor. “Nós fornecemos o primeiro socorro naquela noite, e no dia seguinte fomos à delegacia”.

A polícia se recusou a receber a queixa até que lembrou aos policiais que Majhi também havia atacado os cristãos em 27 de fevereiro, e imploraram aos policiais que agissem, disse ele. No episódio anterior, Majhi invadiu uma casa onde quatro famílias cristãs foram espancadas quando estava reunidas para adoração.

“Ele atacou nove pessoas e bateu suas cabeças na parede, uma atrás da outra”, disse o pastor Marandi. “Ele pegou a Bíblia de um crente e arrancou as páginas. Não fomos à polícia, pois sabíamos que ele estava bêbado e não no seu perfeito juízo. No dia seguinte, quando os pastores da aldeia ao redor e eu tentamos aconselhá-lo, ele nos atacou”.

Este mês, policiais da delegacia de Bangriposi registraram Majhi e sua esposa por invasão de casa, agressão sexual, voyeurismo e intimidação. Um juiz da Corte de Baripada mandou Majhi e sua esposa em prisão preventiva, provocando mais animosidade dos aldeões tribais.

“Na sexta-feira passada [5 de abril], o conselho da aldeia realizou uma reunião para elaborar um plano para nos atacar no domingo [7 de abril]”, disse Murmu ao Morning Star News.

“Eles estão furiosos e acusam-nos de mandarmos Majhi para a cadeia e por isso devem ser punidos por isso.

Eles bloquearam o caminho para a igreja para nos empurrar para lutar, mas seguimos em silêncio e recusamos. Pela graça de Deus não houve ataque no domingo”, disse aliviada.

Fé em Jesus

A conversão da filha e do genro de Majhi em Cristo aconteceu depois que o filho do casal, de 10 anos, ficou gravemente doente, disse o pastor Marandi. “O menino sofreu severa perda de peso e continuava a perder, quando o casal notou que Murmu e outros se reuniram para orar e adorar a Jesus”, contou o pastor.

“Um dia, em setembro passado, o casal veio e compartilhou sobre seu filho”, disse o pastor Marandi. “Oramos por ele e logo começaram a se juntar a nós regularmente para orar. Sua fé curou a criança. Ele está completamente recuperado agora e está voltando para a escola desde fevereiro.”

Mas Majhi, um devoto adivasi convicto na religião de Sarna, ficou chateado com sua filha, Shanti Soren, deixando as práticas tradicionais junto com seu marido, Vikram Soren, disse o pastor. O casal morava em sua casa depois do casamento, e ele chegava em casa bêbado e batia em ambos, ele disse.

Os extremistas hindus precisam apenas ensinar aos adeptos de Sarna que o cristianismo corrompe sua cultura para causar uma ruptura em uma família, disse ele.

Os cristãos perfazem apenas 4,3% da população em Jharkhand.

“Recentemente, o BJP [Bharatiya Janata Party] também emitiu declarações de que os adivasis que se convertem ao cristianismo devem ser banidos dos partidos políticos e não devem ser autorizados a disputar cadeiras reservadas para as tribos”, disse Tigga, que anteriormente praticava Sarna e agora é um estudante universitário da Bíblia.

“Nas aldeias onde a adoração de ídolos é praticada, as famílias tribais são introduzidas à ideologia de Hindutva e gradualmente desenvolvem o ódio contra o cristianismo”, explicou Tigga.

A Índia ocupa o décimo lugar na lista mundial de perseguição da Portas Abertas 2019 da organização de apoio aos países onde é mais difícil ser cristão. O país estava em 31º em 2013, mas sua posição tem piorado a cada ano desde que Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata, chegou ao poder em 2014.

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