Evangelismo de pastores do Sri Lanka une etnias inimigas pela fé em Jesus

Igreja nasceu com visão missionária de evangelizar apenas a etnia tâmeis, mas plano de Deus os fez alcançar os inimigos cingaleses.

Fonte: Guiame, com informações do The Evangelical AllianceAtualizado: quarta-feira, 16 de janeiro de 2019 às 14:45
Rev. TMI Sathiyaraj, da igreja Bethany House, que conseguiu evangelizar e unir as etnias inimigas do Sri Lanka em Cristo. (Foto: Divulgação/Bethany)
Rev. TMI Sathiyaraj, da igreja Bethany House, que conseguiu evangelizar e unir as etnias inimigas do Sri Lanka em Cristo. (Foto: Divulgação/Bethany)

Quase três décadas de guerra civil no Sri Lanka criaram um enorme abismo entre cingaleses e tâmeis, dois grupos étnicos que se tornaram inimigos. A guerra separatista, que começou no início dos anos 80, forçou muitos tâmeis e cingaleses a saírem do país.

Tendo como destino o Reino Unido, os dois grupos foram crescendo e se estabelecendo em Londres. Em 1994, o reverendo TMI Sathiyaraj foi chamado para trabalhar como missionário entre a etnia tâmeis. Mas Deus tinha um plano maior, que era unir duas etnias inimigas: tâmeis e cingalês.

“Ainda me lembro dos humildes começos, de como meu marido junto com Jonathan Eden e Christina Balasingham batiam nas portas das casas das pessoas em Southall para compartilhar o evangelho”, conta a esposa do reverendo, Chrishanthy Sathiyaraj.

Deste trabalho missionário nasceu a Southall Tamil Church (STC). “Mas Deus tinha um plano maior”, diz Chrishanthy.

O evangelismo levou uma pessoa cingalesa a aceitar Jesus como seu salvador, que passou a frequentar a igreja. Esse fato foi muito marcante, pois havia uma disputa étnica entre os dois grupos (tâmil e cingalês) que levou à guerra civil no Sri Lanka.

Chrishanthy conta que para atender às necessidades de ambos os grupos, precisaram estabelecer cultos bilíngues em Tamil e Sinhala. “O STC foi a primeira igreja tamil-cingalesa da Europa”, revela.

Desafios

Esta construção de convivência entre os dois grupos foi gradual e não foi isenta de desafios. Quando houve um determinado confronto entre as comunidades no Sri Lanka, isso se refletiu na igreja. Os membros da congregação tinham ideias diferentes e exigiam dois serviços diferentes. As pessoas saíram da igreja.

Igreja Bethany em Londres em momento de adoração. (Foto: Divulgação/Bethany)

“Meu marido e eu somos de etnia tâmeis, servindo a nova comunidade cristã cingalesa, recebemos ameaças de morte de ambas as comunidades”, conta Chrishanthy. “Tornou-se difícil para nós compartilhar o evangelho, porque ainda havia muitas pessoas que não gostavam de ver as duas comunidades reunidas em uma sala”, explica.

A maioria dos fieis eram cristãos novos, o que significava muito trabalho para o casal de pastores para ensiná-los sobre a nova vida em Cristo. “Até hoje louvamos a Deus por sua obra maravilhosa. Esses grupos lutaram [entre si], mas o amor de Jesus fez um caminho para nós adorarmos juntos, apesar dos testes e provações, e ainda vivemos no meio de muitos testes e provações”, diz Chrishanthy.

“Se estamos firmes hoje, é por causa da pura graça de Deus. A união não é fácil! Requer visão e esforço”, explica.

Ela diz que precisaram fazer grandes mudanças para atender às diferenças. “Para começar, mudamos o nome da igreja para Bethany Church (que aborreceu a maioria da comunidade tâmil). Então, tivemos todas as canções de adoração traduzidas em três idiomas: inglês, tâmil e cingalês”, detalha. Atualmente a igreja conta com 600 membros.

Ajuda da OPC

Chrishanthy relata que houve muitas dificuldades em todo o processo para implementar a visão que Deus havia dado a eles. “Quando nos levantamos para [fazer] a vontade de Deus, muitos não ficam felizes. Os membros saíram da igreja e disseram que não daria certo”, relata.

Essas dificuldades, no entanto, não desanimou o casal. “Estamos fortes. Nossa igreja testifica que Deus está conosco quando estamos unidos. Mas Deus não parou por aí. Ele tinha um plano maior. Deus queria que nós alcançássemos e nos conectássemos com os cristãos na comunidade mais ampla, e Ele tornou isso possível através da One People Commission (OPC), pela qual sou grata”, testemunha.

A OPC é uma organização britânica que trabalha para unir a os povos, ajudando a quebrar as barreiras da diversidade étnica, para vê-las unidas como uma só. “O propósito é ver nossas maravilhosas e diversas comunidades transformadas com as boas novas de Jesus Cristo”, explica.

“Quando Steve Clifford, diretor geral da Aliança Evangélica, e Rev Yemi Adedeji, diretor do OPC, me convidaram para participar desse movimento único, que encoraja os crentes do Reino Unido a enxergar além das diferenças culturais ou étnicas e trabalhar juntos para tornar Jesus conhecido, como eu poderia não pular a bordo?”, diz Chrishanthy.

“O Reino Unido é incrivelmente diversificado, com pessoas de todo o mundo, que podem, como meu marido e eu, ter testemunhado ou conhecido a guerra pelas diferenças”, esclarece Chrishanthy.

Ela diz que a OPC ajuda a abraçar uns aos outros e aceitar as diferenças para compartilhar a cultura, discernimento e dons espirituais, para o bem da igreja e do mundo em geral.

“Exorto-nos a perdoar uns aos outros, pois a falta de perdão nos pesa e dificulta nossa capacidade de trabalhar juntos para tornar Jesus conhecido”, finaliza citando Colossenses 3:13,14. “Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição”.

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